O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) insistiu nesta sexta-feira (17), que é o único candidato da direita para as eleições de 2026. Durante entrevista à revista Veja, Bolsonaro afirmou que não acreditará mais no regime democrático caso continue inelegível, uma decisão que, segundo ele, viola o devido processo legal.
“Respeitar o devido processo legal, a Constituição, as leis. Me tornar inelegível por quê? São duas condenações de oito anos (...) Se eu continuar inelegível, eu não acredito mais em democracia. Acabou a democracia”, declarou Bolsonaro.
Processos e possível inelegibilidade até 2061
Indiciado pela Polícia Federal (PF) em novembro de 2024, Bolsonaro enfrenta acusações de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Se processado e condenado com a pena máxima pelos crimes imputados, o ex-presidente pode permanecer inelegível até 2061.
Caso isso aconteça, Bolsonaro só poderia disputar um cargo público aos 106 anos de idade, somando 28 anos de possível prisão, seguidos de 8 anos de inelegibilidade segundo a Lei da Ficha Limpa. Esse cálculo exclui potenciais acréscimos de pena que poderiam ser aplicados ao longo do processo.
Bolsonaro já foi declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que entendeu que ele cometeu abuso de poder político e usou indevidamente meios de comunicação ao levantar acusações infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas em reunião com embaixadores, antes das eleições de 2022.
Bolsonaro e o futuro da direita
Apesar do cenário adverso, Bolsonaro evita comentar publicamente quem seria seu sucessor político caso não possa disputar as eleições presidenciais. Em entrevista de novembro, o ex-mandatário apostou no Congresso como ferramenta para tentar reverter sua situação judicial.
O discurso do ex-presidente reforça uma possível falta de planejamento de nomes alternativos dentro do Partido Liberal (PL), caso sua inelegibilidade permaneça.