Políticos reagem à decisão do STF que declarou Moro parcial ao condenar Lula no caso triplex


O julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suspeição do ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro mobilizou políticos, líderes partidários e autoridades do meio jurídico nas redes sociais nesta terça-feira, 23. Por 3 votos a 2, a segunda turma entendeu que Moro foi parcial ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação do triplex do Guarujá. Agora, o caso terá de voltar à estaca zero.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que o Supremo fez uma revisão histórica sobre a Lava Jato nesta terça. “A Operação jamais poderá ser contestada em sua coragem de enfrentar os poderosos, os grandes interesses, a corrupção sistêmica”, escreveu Lira.

Aliados do ex-presidente comemoraram a decisão da Corte, mas teceram críticas ao voto do ministro Kassio Nunes Marques contra o petista, alegando que representaria o interesse do presidente Jair Bolsonaro. “É nítido que Bolsonaro tem mais medo de Lula do que de Moro”, disse o líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Bohn Gass, no Twitter. O deputado afirmou que o voto do ministro indicado pelo presidente da República foi “estranhíssimo”. Ele criticou ainda a menção de Nunes às conversas interceptadas por hackers, argumentando que a defesa de Lula não mencionou o conteúdo no habeas corpus.

Em sua fala no tribunal, Nunes disse que o uso de provas obtidas de forma ilícita em processos penais seria um “incentivo enorme ao crime”. “Se hackeamento fosse tolerável para meio de obtenção de provas ninguém mais estaria seguro de sua intimidade, tudo seria permitido”, afirmou o ministro.

Candidato derrotado do PT à presidência em 2018 e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad comemorou a suspeição de Moro e disse que o julgamento desta terça marca um “dia histórico”. “Cármen reviu seu voto, para o bem do Estado Democrático de Direito. Um dia histórico. O herói foi desmascarado. O falso Messias será o próximo!!”, escreveu em seu Twitter.

Carmen reviu seu voto, para o bem do Estado Democrático de Direito. Um dia histórico. O herói foi desmascarado. O falso Messias será o próximo!! https://t.co/jHirhduf6q

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), declarou que o Supremo encerrou nesta terça um “triste capítulo” da história do direito no Brasil. “Um juiz parcial, que persegue ilegalmente um acusado, é incompatível com o Estado de Direito. Seus atos são nulos e imorais. Só lamento que tais atos geraram lesões irreparáveis para Lula e para o Brasil.”

O ex-presidente Lula não se manifestou em suas redes sociais, mas a página de seu Instituto no Twitter compartilhou o resultado do julgamento e escreveu que representa “vitória da verdade”.

O ministro Sérgio Moro ainda não se manifestou sobre o resultado da Corte. Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato, compartilhou mais cedo um vídeo em que o procurador de justiça Edilson Mougenot defende a imparcialidade do trabalho no caso Lava Jato. “Ele lava a alma de quem trabalha arduamente contra a corrupção, seja como cidadão, seja na Justiça”, disse Deltan, que não se manifestou depois do voto decisivo de Cármen Lúcia.

Críticas

O deputado federal Marcel van Hattem (NOVO) disse que o placar de 3 a 2 foi “a favor da impunidade no país”. “Parcial tem sido parte da Suprema Corte do Brasil. Suspeitos são os ministros que votam contra o combate à corrupção e a favor da impunidade no país. Vergonhoso, decepcionante e revoltante!”

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